É naquele fim de noite, naquelas músicas velhas e naquele eco sem fim que a gente se encontra.
Naquele frio entediado que percorre a espinha e que me faz desejar uma cama quentinha, sem companhia a não ser a de um livro de infância, sem sons e sem maquiagem.
Uma saudade do que nunca aconteceu, ou um rastro de uma visão que nunca tive, um chamado.
A rua é de pedras e teu telhado é velho e rangedor. Teu assoalho estala e tua varanda é vazia. não te vejo mas te ouço tu me contas histórias de idos passados.
A festa há muito acabou e as pessoas ficam a conversar. Finjo que faço parte, mas secretamente não os quero, nunca quis.
Quero que me leves embora, para minhas luzes de natal, coloridas e quentes. Desejo minhas músicas em alemão e meus livros tristes. Uma tristeza que não me pertence e nem me atinge, só me lava. Me leva para casa?
Meus professores me explicam tua existência, mas para mim sempre serás um espírito, um prenúncio. Me leva para casa?
Toca meu rosto e me faz sorrir. Tu, o vento. Me leva para casa?
Ilustração: grafite sobre papel sulfite.
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