8 de março de 2013

O papel da literatura jovem na valorização da mulher



Apesar de ser desprezada por muitos cults, a literatura infanto-juvenil e para jovens adultos é um campo de estudo de personalidades como qualquer outro. Essas sagas que constantemente viram filmes campeões de bilheteria tem personagens emblemáticos, que tem profundo significado para seus fãs.
As histórias não tratam necessariamente de ética, direito, humanidade e valores; mas têm todos esses elementos aderidos à trama, fixando a mensagem. E é nesse âmbito que eu quero discutir o valor dado às mulheres nesses livros.

A mais famosa das sagas talvez seja Harry Potter. É uma história escrita por uma mulher (que inclusive passou por muitas dificuldades antes e durante a escrita do primeiro livro) e que dá um importância ímpar às mulheres e garotas. O próprio Harry tem a personalidade baseada nisso, já que o que o salvou de Voldemort foi o sacrifício da mãe.
Lily Potter não era uma garota qualquer, ela era uma jovem brilhante, forte e inserida numa minoria daquele universo, já que era nascida trouxa. Isso fez dela uma fortaleza, e essa é a matriz do protagonista.

Também em HP temos Hermione, personagem favorita de muita gente (inclusive da autora), que é muito parecida com Lily; se apresenta sempre como alguém que sofre, sim, por amor, saudades e frustrações, mas supera isso com bom senso e colocando seu potencial a serviço da causa nobre de combater o mal.

Outra saga famosa é Jogos Vorazes, que eu resenhei recentemente. É uma trilogia com fortes características feministas, já que a narradora e protagonista, Katniss, é uma garota pobre e faminta, orfã de pai, que põe de lado a própria dor para proteger os que ama. Ela toma as rédeas e se torna chefe de família ainda jovem e ainda tem forças para lutar contra a  ditadura do Capitol. Katniss é uma heroína política, que gosta de ser selvagem e forte.

"Cada leitora que se encanta por um desses livros quer ser um pouco como elas e coloca um tijolinho no castelo da própria individualidade."


Citando agora a distopia Divergente (que devo resenhar em breve), escrita por Veronica Roth, temos a protagonista-narradora Tris Prior. Ela é constantemente chamada de "corajosa" ao longo dos livros, e a coragem dela, motivada pela sede de justiça e busca pela verdade, é marcante, pois cada ação dela define o destino da história.

Para não dizer que eu só usei livros escritos por mulheres, vamos para as séries Percy Jackson/Heróis do Olimpo, sagas irmãs escritas por Rick Riordan. Minha personagem favorita delas é Hazel Levesque, uma garota negra nascida no fim dos anos 1920 em Nova Orleans, que tem a mãe "roubada", é obrigada a servir uma deusa maligna e acaba sacrificando a própria vida a fim de salvar o mundo da tirania. Depois que é trazida de volta dos mortos ela ainda revela mais de si, sendo leal e forte, até mais dos que os que estão em melhor situação que ela.

Em todos esses livros as mulheres e mocinhas não são princesas incapazes, esperando para serem salvas. Sim, elas tem fraquezas, como todo mundo; mas são agentes, opinativas, leais e brilhantes. Qualidades que são admiradas em qualquer pessoa, independente do sexo.
Então cada leitora que se encanta por um desses livros quer ser um pouco como elas. Não é um discurso feminista em plena forma, é simplesmente um exemplo (assim como já tivemos Lizzy Bennet, Jane Eyre e Aurélia Camargo nos clássicos, e que mudaram a imagem da mulher na Literatura) de que se em seu interior você tiver força, compaixão e amor você pode mudar o mundo, e sem deixar de ser mulher.

A Literatura está aí para isso. E não é necessário um livro "cabeça" ou um artigo na Fórum para convencer uma garotinha de 8 anos a ter opiniões próprias, independência e consciência. Cada jovem leitora coloca um tijolinho no castelo da própria individualidade ao se deparar com personagens assim.

E cada jovem leitor coloca mais um tijolinho no castelo do respeito ao encontrar e se apaixonar por personagens femininas que fizeram o próprio destino, e cresce valorizando cada mulher que encontra pela vida.

Créditos da imagem do post: Desconhecido (infelizmente, porque achei muito fofa).

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